quinta-feira, 29 de abril de 2010

28 de Abril de 2010: 101 anos dos bondes elétricos de Santos

28 de Abril marca os 101 anos da inauguração da primeira linha de bondes elétricos de Santos, ocorrida em 1909. A primeira linha no então novo sistema de bondes foi a linha 2, que ligava as cidades de Santos e São Vicente, via praia. A cidade de Santos contava com o sistema de bondes puxados por burros - na época conhecida por linhas "animadas", ou seja de tração animal - desde 1871. O novo sistema traria agilidade e rapidez no transporte coletivo da cidade. A eletrificação das antigas linhas e a expansão do sistema de bondes fez com que Santos tivesse um dos melhores sistemas de bondes da América do Sul.
Nos anos 1940 o sistema começou a sofrer a concorrência com os ônibus, provocando o desinteresse da concessionária dos serviços de bondes, a The City of Santos Improvements Company, ou simplesmente City. Em 1951 a Prefeitura de Santos, através do Serviço Municipal de Transportes Coletivos - SMTC assumiu o controle dos bondes e ônibus da cidade. Com a expansão da cidade, e aumento do trânsito de veículos as linhas foram sendo remanejadas e, ao mesmo tempo, o SMTC passou a investir em um sistema de ônibus também movido à eletricidade, os trólebus. A população aprovou o novo sistema, e os bondes não tiveram suas linhas expandidas e aos poucos o sistema teve seu número de linhas reduzido.


LINHAS EXTINTAS

Nos anos 1960 as linhas de bondes para São Vicente foram extintas ou encurtadas, a pedido da prefeitura vicentina. A importante linha 1 foi extinta, e o antigo  Caminho Matadouro deu lugar a avenida Nossa Senhora de Fátima, em cuja construção os trilhos foram retirados.
Aos bondes restaram as avenidas Ana Costa e Rangel Pestana, as praias, o cais, os canais 1 e 2  a avenida Pedro Lessa e algumas ruas do centro e dos bairros da Vila Belmiro, Campo Grande e Marapé. Nos canais 1 e 2 os bondes seguiam em apenas uma das pistas (centro-praia), portanto, os bondes no sentido centro vinham no contrafluxo. Já na avenida Pedro Lessa em muitos trechos o bonde trafegava em apenas uma das faixas, portanto, seguiam na contramão no sentido Ponta da Praia. Com o aumento do número de automóveis, os bondes no contrafluxo passaram a ser preocupação dos motoristas.

DECLÍNIO DOS BONDES E GRANDE INTERESSE PELOS ÔNIBUS MERCEDES

A falta de interesse do governo municipal pelos bondes no final dos anos 1960, refletindo o que acontecia no restante do País, e por outro lado, o incentivo à aquisição de ônibus à diesel Mercedes-Benz foi decisivo para o fim dos bondes. A falta de manutenção da rede aérea e da via permanente, por falta de recursos do SMTC provocava protestos da população, fazendo a opinião pública se voltar contra os bondes. Também os trólebus, pela também falta de manutenção na rede e falta de energia elétrica acabaram também se tornando vilões para a população.

FIM DOS BONDES PROGRAMADO - FEVEREIRO DE 1971: O FIM

Em Março de 1970 circulavam apenas 7 linhas de bondes em Santos: 16 - Nova Cintra, 17 - Campo Grande, 19 - Pedro Lessa via Cais, 23 - Circular, 37 - Circular, 39 - Pedro Lessa via Ana Costa e 42 - Ponta da Praia via Ana Costa e Praias. 
A administração do SMTC culpava os bondes pela grave crise da empresa. Então, decidiu-se pelo fim dos bondes. A linha 16 foi extinta poucos meses depois. Em Julho daquele ano de 1970 as linhas 17, 19 e 39 deixaram de circular aos Domingos e Feriados. Em Setembro de 1970 foi a vez das linhas 23, 37 e 42 deixarem de circular nesses dias, obedecendo ao programa de extinção dos bondes. Aos poucos as linhas foram sendo extintas definitivamente: as linhas 19 e 39 de bondes sairam de circulação em 13/02/1971, as circulares dos bondes 23 e 37 foram extintas no dia 20 de Fevereiro de 1971 e as últimas linhas de bonde a circular em Santos foram as linhas 17 e 42, em 27/02/1971, um sábado, sendo que o último bonde, da linha 42 voltou para a garagem do SMTC já na madrugada do dia 28/02/1971.


OS TRÓLEBUS QUASE FORAM EXTINTOS TAMBÉM

Os trólebus também tiveram sua expansão interrompida no final dos anos 1960 e não foram extintos por pouco, já que em 1972 um dos ônibus elétricos foi convertido para diesel, mas o projeto de conversão dos trólebus não foi adiante e o sistema, ainda relativamente novo estava em boas condições de serviço. Ainda assim, os trólebus tiveram grandes problemas e eram frequentes as enormes filas de trólebus à espera do conserto de uma rede aérea rompida, provocando protestos da população.

Com a crise do petróleo em 1973, os trólebus foram mantidos, mas as expansão projetada não foi adiante. Somente nos anos 1980 os trólebus voltaram a ter prestígio e novamente Santos voltou a ter trólebus novos.

Já os bondes não tiveram a mesma sorte: quase a totalidade da frota foi sendo desmanchada até 1973.


LINHA TURÍSTICA DE BONDES

Em 1984 surgiu o primeiro bonde turístico de Santos, na região da orla da praia, que fazia um curto percurso na avenida Bartolomeu de Gusmão, no Embaré e funcionou até 1986. O bonde de prefixo 46 que fez este trajeto foi levado para a Praia do Gonzaga, onde até hoje funciona como posto de informações turísticas. É um bonde estático, não circula.

Já em 2000 foi inaugurada a linha turística de bondes no Centro Histórico de Santos, que hoje conta com 4 bondes, sendo dois que eram do sistema de Santos e dois que vieram da cidade do Porto em Portugal. Os bondes fazem um trajeto histórico de 5 quilômetros de extensão pelo centro da cidade. O preço da passagem é de R$ 5,00 e funciona de terça à domingo, das 11h às 17h, partindo da Praça Mauá.

Além dos bondes em operação, Santos já conta com mais 5 bondes: um bonde português, um americano/paulistano (Gilda) e dois bondes italianos de Turim, um destes em fase de restauro.


VEM AÍ O VLT: O BONDE MODERNO
A implantação do Veículo Leve sob Trilhos traz para a Baixada Santista o conceito do bonde moderno: não poluente, econômico e rápido. A futura linha ser implantada ligará inicialmente Santos e São Vicente, tal como a pioneira linha de bondes elétricos de 1909...

VIDEO HISTÓRICO: BONDE NOS ANOS 1930

Uma volta ao passado em um curtíssimo vídeo: cenas do filme Raizes do Brasil II, sobre o historiador Sérgio Buarque de Hollanda. Em sua infância, passava férias em Santos, neste trecho do filme são mostradas três cenas na cidade de Santos:

- a praia (provavelmente São Vicente, próximo a Ilha Porchat)

- o Bonde prefixo 48 da Cia. City, com o letreiro ESPECIAL, saindo da Praça dos Andradas, no lado próximo a rua Amador Bueno. Note, à direta da tela, junto a cabine do policial vemos uma parte do prédio da Cadeia Velha. Ao fundo o imponente conjunto da antiga Santa Casa, que ficava nas encostas do Monte Serrat (onde hoje há a subida do elevado sobre o túnel). O prédio foi destruído em um grave desabamento do morro, nos anos 1940, sendo construído o prédio atual, no Jabaquara, e inagurado em 1946.

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