sábado, 17 de janeiro de 2009

Trólebus de Santos - Resumo Histórico

Aqui, um breve resumo da história dos trólebus de Santos, baseado em diversas pesquisas efetuadas desde 2003, em jornais, sites de internet, livros e também em depoimentos e experiência própria. As fotos abaixo são dos jornais A Tribuna, Cidade de Santos, e também do site da Biblioteca Municipal e as coloridas são de minha autoria.

Em 1955 o Serviço Municipal de Transportes Coletivos (SMTC) de Santos começa o projeto de implantação do Serviço de Trólebus na cidade, da mesma forma como o sistema estava implantado em São Paulo e também em outras cidades como o Rio de Janeiro e Salvador.
Em 1963, poucos dias antes da chegada do primeiro lote de 5 trólebus, de um total de 50 unidades encomendadas da Itália, a Câmara de Vereadores sugeriu que o SMTC eliminasse os ônibus à diesel e ficasse apenas com trólebus e bondes.

O projeto original dos trólebus previa 7 linhas, inicialmente:

•linha 1 - da Praça Rui Barbosa ao Orquidário
•linha 2 - da Praça Rui Barbosa ao Ferry Boat
•linha 3 - da Praça Mauá à rua Estados Unidos da Venezuela
•linha 4 - da Praça Mauá à praça Hipólito do Rego, no canal 4
•linha 5 - da Praça Mauá à av. Almirante Cochrane
•linha 6 - da Praça Mauá à praça Visconde de Ouro Preto, na Ponta da Praia
•linha 7 - da praça Mauá à rua Vergueiro Steidel, no bairro do Embaré.

A primeira linha prevista para entrar em operação era a linha 2 da lista acima, porém, por ainda não ter a fiação ligando o Canal 5 ao Ferry Boat, a primeira linha efetivamente foi a linha 5. Mas, devido aos bondes ainda fazerem ponto final na Praça Mauá, o ponto inicial escolhido para os trólebus foi a rua Martim Afonso. A numeração original das linhas acabou não sendo utilizada também.


A TRIBUNA DE SANTOSAs cinco primeiras unidades desembarcaram no dia 06 de Junho de 1963.

A foto ao lado mostra um dos trólebus ainda no navio Lloyd Guatemala, que trouxe desde o porto italiano de Livorno os modernos trólebus Fiat Alfa-Romeo Marelli Pistoiese.


Curiosidade: naquela época e durante muitos anos o nome trólebus era grafado como troleibus.

No dia 12 de Agosto daquele mesmo ano, é inaugurada a linha 5, a primeira linha de trólebus de Santos, ligando o Centro ao bairro do Macuco.

Havia na cidade o serviço de bondes, e as novas linhas de trólebus foram projetadas de modo a se evitar os trechos onde haviam os bondes, já que ambos usam eletricidade, porém com sistemas diferentes.

Assim, as primeiras linhas predominaram no canal 3 (avenida Washington Luiz) e avenida Epitácio Pessoa, e também no canal 5 (avenida Almirante Cochrane) e Marechal Floriano Peixoto, entre outras: estas vias não tinham o tráfego de bondes.

Alguns anos depois, o sistema de bondes estaria gradativamente sendo desativado - a exemplo do que ocorria no restante do Brasil.

Com a retirada dos bondes, mais linhas de trólebus eram sendo implantadas, e até 1967 o sistema teve uma boa expansão. Foram implantadas, além da linha 5, as linhas 53 (1964), 54 (1965), 8 (1966).

A foto ao lado mostra justamente um trólebus da linha 8 circulando na avenida Conselheiro Rodrigues Alves, que na época tinha um canteiro central bastante degradado. Note na foto, em primeiro plano as marcas dos trilhos de bondes retirados dos paralelepípedos. Aos poucos as pedras foram se transformando em buracos, prejudicando o trânsito naquela avenida.



Em 1967 entraram em operação as linhas da avenida Conselheiro Nébias: 45, 44, 4 e 40, nesta ordem. Iniciava-se também a expansão para a Zona Noroeste, onde foi instalada toda a fiação e posteamento. Com a implantação dos trólebus naquela avenida, toda a frota de 50 trólebus poderia ser utilizada. Além dos trólebus, a cidade contava com grande número de bondes e ônibus à diesel do SMTC, além dos ônibus intermunicipais da Viação Santista e também da Viação Santos, S. Vicente e Litoral, e ainda da Viação Santos Cubatão.

Em 1968, com a implantação do novo governo municipal, visivelmente contrário aos bondes, iniciou-se a compra de dezenas de ônibus à diesel Mercedes-Benz, e foram canceladas diversas linhas de bondes e os trólebus também não tiveram a expansão pretendida, inclusive foi suspensa a implantação da linha de trólebus para a Zona Noroeste, apesar de haver a fiação na avenida Nossa Senhora de Fátima.

Os bondes tiveram suas linhas extintas programadamente, e imediatamente ônibus à diesel entravam em operação suprindo as recém canceladas linhas dos bondes. Em Março de 1970 circulavam em Santos 43 bondes, 114 ônibus e 43 trólebus, sem contar com os veículos que ficavam na garagem como reserva.
Naquele ano, Santos contava com 7 linhas de bondes: 16, 17, 19, 23, 29, 39 e 42. A partir de então estas linhas foram sendo canceladas, até o último dia de circulação das duas últimas linhas: a 17 e a 42, que circularam até o dia 27 de Fervereiro de 1971.



Com a extinção dos bondes chegou a se cogitar também a extinção dos trólebus: a rede aérea, com problemas na manutenção provocava queda de energia elétrica e, consequentemente, a paralisação dos trólebus, causando transtornos à população.
Em 1972, baseada em experiência no Rio de Janeiro, um trólebus santista foi convertido para diesel, que é o trólebus 542 da foto ao lado. No Rio, toda a frota foi convertida, mas em Santos, naquela ocasião, apenas aquele trólebus havia sido convertido e ficou em circulação durante muitos anos na frota municipal.


Em 1976 a Companhia Santista de Transportes Coletivos (CSTC) substituiu o SMTC, seriamente endividado e sem condições de adquirir novos veículos. Mesmo com a nova companhia, durante aquela década, com a quebra e sucateamento dos ônibus e trólebus, uma empresa particular é autorizada e explorar o serviço de ônibus, juntamente com a CSTC. A Viação Santos, São Vicente e Litoral Ltda começa a operar os ônibus com a inscrição "Municipal". Os trólebus continuaram a se sucatear, restando poucos veículos em condições de operação, diminuindo a frota de elétricos da cidade. A linha 45 é extinta.


Com o aumento do trânsito de veículos, diversas ruas de mão dupla tornaram mão única, e os trólebus que trafegavam na contramão chegaram a causar acidentes, então linhas como a 53 e a 40 foram extintas, pois seguiam em direção ao Orquidário pela rua Marechal Floriano Peixoto, em plena contramão, e em uma região turística, conforme vemos na foto ao lado.

A linha 4 foi mantida, mesmo percorrendo bom trecho em contramão na avenida Epitácio Pessoa, o que causou acidentes e atropelamentos.








Ao final dos anos 1970, houve um programa de implantação de trólebus em diversas cidades do Brasil, pela Empresa Brasileira de Transportes Urbanos (EBTU), que também previa melhorias nas vias públicas para melhor circulação dos trólebus. Cidades como Ribeirão Preto e Araraquara inauguraram seus serviços de trólebus graças aquele programa de incentivo.
Em Santos, pela EBTU, conseguiu-se a reforma e revitalização da frota ainda existente dos trólebus, num total de 25 unidades, e também foram adquiridos 8 novos trólebus, desta vez brasileiros, da empresa Marcopolo.

Com os novos trólebus Marcopolo e os 25 FIAT reformados, que praticamente foram reconstruídos, e renumerados (a foto ao lado mostra um trólebus na CSTC após a reforma) foram reativadas as linhas 5, 40 e 53 e implantadas novas redes aéreas em ruas e avenidas, evitando-se também os trólebus na contramão.

Em 1987, a CSTC adquire mais 6 trólebus, nacionais da empresa Mafersa e em 1988 a linha 20 que liga o Centro ao Gonzaga, passa a ser operada por trólebus.
Novamente é iniciada a expansão do sistema em direção a Zona Noroeste, com a implantação de fiação na avenida Martins Fontes.



Em 1989 no entanto, a ampliação é novamente suspensa, e com o passar dos anos a frota de trólebus de Santos começa a se degradar. Em 1993 restavam apenas 2 linhas de trólebus (4 e 20). Em 1996 a prefeitura tira de circulação todos os 11 trólebus FIAT que ainda estavam em operação, além de 7 unidades Marcopolo. Restaram apenas 7 trólebus, e apenas a linha 20.

Em 1998, a empresa particular Piracicabana assume o transporte coletivo em Santos com a previsão de implantação de novas linhas de trólebus, o que não ocorreu efetivamente.
Há alguns anos o trólebus Marcopolo também foi retirado da frota restando apenas 6 trólebus Mafersa que é o trólebus mostrado na foto ao lado.


Em 2008 dois dos 6 Mafersa começaram a ser preparados para operar uma linha turística de trólebus, ligando o Centro ao Gonzaga, operando em conjunto com os bondes do centro da cidade.



Além dos 6 trólebus Mafersa, em circulação atualmente em Santos, há nas dependências da antiga CSTC uma carroceria de um antigo trólebus FIAT, que serviu de biblioteca volante, conforme vemos na foto ao lado.

Este trólebus italiano FIAT, de 1963, poderá ser reformado e recaracterizado, e também poderá ser pintado nas suas cores originais, ou seja, prata e vermelho.

Então teremos um verdadeiro exemplar histórico do início do serviço de trólebus rodando pela cidade de Santos.




Veja mais sobre a história dos trólebus de Santos no site Trólebus de Santos.

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